Histórico

Minas Gerais é o segundo estado mais populoso do Brasil, com aproximadamente 20 milhões de habitantes, e o primeiro em número de municípios. Possui o terceiro maior produto interno bruto do país e alta taxa de urbanização, que se acelerou a partir de meados do século XX.

Não obstante, está subdividido em um mosaico de regiões, com características geográficas, históricas, sociais e culturais muito diversas, o que dificulta a compreensão do seu conjunto e a implementação de políticas públicas voltadas para a melhoria das condições de vida da sua população.

Em virtude disso, necessita da realização de pesquisas profundas e sistemáticas, bem como de ações educacionais e de assistência, que contribuam para a difusão do saber e, conseqüentemente, para diminuição das disparidades sócio-econômicas e regionais. As empresas privadas, por seu turno, requerem profissionais cada vez mais capacitados para enfrentar, com responsabilidade social e sustentabilidade, os desafios de um mundo globalizado e extremamente competitivo.

Muitas cidades mineiras tiveram origem a partir de arraiais e povoados formados ainda no período colonial, em meio ao processo de interiorização da colonização portuguesa. O início da ocupação do território data do século XVII, quando bandeirantes começaram a desbravá-lo, em busca de ouro, pedras preciosas e escravos índios. No século seguinte, em decorrência da descoberta e exploração de suas riquezas, vários conflitos foram desencadeados, sendo os mais conhecidos a Guerra dos Emboabas (1707-1710), a Revolta de Felipe dos Santos (1720) e a Conjuração Mineira (1789).

Paralelamente ao desenvolvimento da atividade mineradora, várias regiões se especializaram na produção de gêneros de subsistência, contribuindo para o abastecimento de vilas e cidades, inclusive a capital do Império, bem como para a ocupação de áreas pouco exploradas até então, como a Zona da Mata. Esta região, onde se localiza o município de Viçosa, transformou-se em uma das mais ricas e dinâmicas de Minas Gerais a partir do final do século XIX, com destaque para a produção cafeeira, que ensejou o crescimento populacional, a urbanização e o desenvolvimento de uma infraestrutura de transportes. A cidade de Juiz de Fora despontou, então, como importante pólo regional de atividade industrial, ao mesmo tempo em que a cidade de Cataguases, também na Zona da Mata, destacava-se por seu envolvimento com o movimento modernista brasileiro, dando continuidade à tradição mineira de sediar algumas das mais importantes manifestações artísticas e culturais do país.

A aliança com São Paulo, através da chamada “política do café com leite”, deu ainda maior proeminência para o Estado, cujos políticos vinham ocupando espaço considerável nas estruturas de poder do país desde o século XIX e continuaram desempenhando papel importante em eventos como a Revolução de 1930, o Estado Novo, o Golpe Civil-Militar de 1964, a Campanha pelas Diretas-Já e a redemocratização do país. A partir da década de 1930, ganharam destaque a produção siderúrgica e a exploração industrial dos recursos minerais, que ao lado de outros setores, como o de serviços e o agropecuário, são responsáveis pelo importante papel que Minas Gerais desempenha na economia brasileira.

Em termos geográficos, o Estado possui relevo acidentado, com uma grande proporção de terras altas, nas quais se destacam o Maciço do Espinhaço (Serras da Moeda, do Cipó e do Caraça), a Serra da Mantiqueira, a Serra do Caparaó, a Serra da Canastra e a Chapada do Espigão Mestre, todos com importância histórica, econômica e turística. Além disso, grandes bacias hidrográficas do país têm nascentes em terras mineiras, como a do São Francisco, a do Paraná e a do Leste. O solo e o subsolo possuem uma grande variedade e quantidade de recursos minerais, o que possibilitou a implantação de indústrias de transformação em Ouro Preto, Congonhas, Caeté, Sabará, Itabira, São Gonçalo do Rio Abaixo e Itabirito, entre outras. O Estado concentra 53% da produção nacional de ferro gusa; 38% da produção de aço, 30% da produção de automóveis e 25% da produção de cimento. Na agropecuária, concentra 70% do rebanho bovino nacional, 32% da produção de leite, 50% da produção de café e está entre os maiores produtores de feijão, batata e outros.

Entretanto, a exploração das riquezas naturais e o crescimento econômico provocam uma série de desequilíbrios, que afetam principalmente a população de baixa renda. O desflorestamento, as erosões e o assoreamento dos rios, combinados à ocupação descontrolada das encostas dos morros, áreas inundáveis e bairros periféricos de algumas cidades geram danos materiais e humanos. O crescimento industrial e a concentração urbana são responsáveis pela poluição do ar e o acúmulo de lixo e entulho, cujas conseqüências são a proliferação de doenças, as mudanças climáticas e outras transformações prejudiciais à qualidade de vida. Outro problema são as disparidades regionais, ou seja, enquanto algumas regiões são ricas e dinâmicas, alcançando níveis satisfatórios de desenvolvimento, há aquelas, inclusive muito próximas, estagnadas ou em decadência, o que estimula os fluxos migratórios.

A exemplo do Patrimônio Natural, o Patrimônio Cultural também necessita de ações destinadas à sua preservação, conservação e difusão. Apesar da atuação de importantes organismos de proteção, como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico (IEPHA) e o Arquivo Público Mineiro, além de outros de caráter local, o Estado de Minas Gerais se ressente da escassez de ações destinadas a salvaguardar seu valioso patrimônio da ação degradante do tempo e outros riscos. Em termos de documentos históricos, acervos depositados em cartórios, igrejas, fóruns, prefeituras e outras repartições públicas estão à espera não apenas de medidas de preservação, mas também de estudo e divulgação, inclusive nas instituições escolares.

Não por acaso, a Zona da Mata já foi designada como “zona silenciosa” da historiografia mineira, dada a escassez de estudos históricos a ela dedicados. Esta situação se deve, em grande parte, à dificuldade de acesso aos documentos que registram as ações humanas na região. Na maioria dos municípios existem entidades de proteção ao patrimônio histórico, mas faltam, sobretudo, pessoal qualificado para empreender medidas de preservação e divulgação. Por esse motivo, os recursos públicos existentes destinados à proteção e promoção do patrimônio local não são captados e o resultado é o escasso número de bens identificados, inventariados e tombados, sejam eles materiais ou imateriais.

O mesmo ocorre com muitas comunidades remanescentes de quilombos, que necessitam de pesquisas e estudos para a demarcação de suas terras, bem como de investimentos e políticas públicas nas áreas de educação, transporte e geração de renda. A memória destas comunidades, bem como a dos assentamentos rurais e outros grupos humanos existentes no Estado constitui Patrimônio de extrema relevância cultural e social, necessitando de ações visando o seu estudo, preservação e promoção.

Por outro lado, Minas Gerais apresenta grande potencial turístico, com destaque para  as cidades históricas e sua arquitetura colonial, as estâncias com águas minerais e termais, as áreas de preservação ambiental e de prática de esportes como montanhismo, canoagem e exploração de grutas e cachoeiras. Merece destaque também o turismo religioso, sobretudo nas cidades históricas, onde se encontram muitas igrejas erguidas no período colonial, grande parte delas por irmandades leigas, ornamentadas com peças sacras e mobiliário de valor histórico. Já o turismo gastronômico tem sido valorizado graças à forte tradição cultural mineira, mas também se ressente da escassez de pessoal capacitado para o seu inventariamento, tombamento e divulgação.

No campo educacional, desde o século XIX, o Estado se destaca por sediar instituições superiores de grande renome. Entre elas, a Escola de Farmácia, fundada em 1839, e a Escola de Minas de Ouro Preto, criada em 1876 pelo cientista francês Claude Henri Gorceix, a pedido do imperador D. Pedro II. No início do século XX, sobressaíram-se, entre outras, a Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas, criada em 1914; a  Escola Superior de Agricultura de Lavras, fundada em 1908 e depois transformada na Universidade Federal de Lavras; a Escola Superior de Agricultura e Veterinária, fundada em Viçosa no ano de 1926, e depois transformada em Universidade do Estado de Minas Gerais (1948) e em Universidade Federal de Viçosa (1969); a Universidade de Minas Gerais, fundada em 1927 e depois transformada em Universidade Federal de Minas Gerais, que reuniu quatro instituições já existentes: a Faculdade de Direito, criada em 1882 em Ouro Preto e depois transferida para Belo Horizonte; a Escola Livre de Odontologia, criada em 1907; a Faculdade de Medicina e a Faculdade de Engenharia, ambas fundada em 1911. Na segunda metade do século XX o ensino superior expandiu-se para todas as regiões do Estado, graças ao surgimento de várias instituições públicas e privadas.

Estes são apenas alguns exemplos que denotam a tradição de Minas Gerais em promover instituições educacionais de renome. É forçoso reconhecer, no entanto, que esta ênfase no setor está longe de atender à demanda regional, sobretudo em algumas áreas do saber, como é o caso da História e da Geografia. Apesar do aumento significativo da oferta de vagas em instituições de ensino superior nos últimos anos, há escassez de profissionais dessas áreas no mercado, não apenas em escolas de ensino fundamental e médio, mas também em instituições públicas e privadas dedicadas ao turismo, aos movimentos sociais, à proteção e promoção do patrimônio, ao planejamento urbano, ao mapeamento, análise e gestão sócio-ambiental, entre outras.

Os profissionais que atuam nessas áreas também encontram dificuldades para se qualificar. Existem vários cursos de mestrado e doutorado em História e em Geografia no Estado, porém todos de perfil acadêmico. Além disso, apenas um deles possui linha de pesquisa voltada para a formação do professor de Geografia. Dada esta carência, dissertações de mestrado e teses de doutorados dedicadas ao ensino de História ou de Geografia têm sido desenvolvidas, na maioria das vezes, em programas de pós-graduação da área de Educação. Apesar da contribuição destes estudos para a melhoria da qualidade de ensino, tratam-se de produções esporádicas, o que significa que os programas não mantém pesquisas específicas naquelas áreas.

O Departamento de História e o Departamento de Geografia da Universidade Federal de Viçosa se propõem, portanto, a atender a demanda nessa área através da formação continuada, em nível de mestrado. Para isso contam também com a colaboração de profissionais de outros departamentos da UFV, cujas pesquisas, atuação docente e de extensão se enquadram perfeitamente no escopo do Curso.

 


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